Cultos, mitos e lendas da antiga Sicília
7.1 
 NINFE E DIVINDADES DO RIO: Ciane

 

Ciane era a ninfa companheira de Perséfone (filha de Deméter) que, na tentativa de se opor a Plutão que queria sequestrar Perséfone, foi transformada em uma fonte: o atual riacho Ciane que está localizado em Siracusa, onde até mesmo um templo teria sido erguido[1].

A ligação entre o culto de Ciane e o de Perséfone também é derivado do conto de Diodoro[2] que, falando da viagem de Hércules à Sicília, diz que o herói colocou um de seus touros na nascente de Ciane em Siracusa para sacrificá-lo a Perséfone, ordenando aos habitantes que fizessem o mesmo sacrifício todos os anos em homenagem a Perséfone e Ciane. É provável que por trás do sacrifício do touro houvesse, na realidade, a antiga memória dos sacrifícios humanos ocorridos na fonte, como acontecia com frequência nas culturas orientais. Este fato e a referência ao Hércules fenício dariam uma marca oriental ao culto a Ciane.

 

A outra versão do mito de Ciane também tem como argumento o sacrifício humano, visto como expiação pelos pecados cometidos. Conta-se, de fato, que morava em Siracusa uma menina chamada Ciane, filha de um certo Cianippo que uma noite, embriagado, estuprou sua filha, manchando-se assim de incesto. A menina, durante a violência, conseguiu arrancar o anel que seu pai usava no dedo, permitindo-lhe, com muita dor, reconhecer o autor do estupro no dia seguinte. Nesse ínterim, tendo atingido a cidade, o oráculo de Apolo argumentou que era necessário um sacrifício para apaziguar a epidemia e que a vítima deveria ser culpada de incesto. Ciane viu nisso o sinal de seu destino, ele matou seu pai e depois seguiu seu destino matando-se.

 

Na Sicília Diodoro[3] fala de um templo dedicado a Ciane com referência aos acontecimentos que viram o tirano Dionísio se opor aos cartagineses que estavam nas portas de Siracusa em 396 aC Das escavações realizadas em 1887 perto da nascente do rio Ciane, no morro Cozzo Scanderra, foram encontrados restos de uma edificação em quadratura, a serem identificados, provavelmente, com o santuário citado por Diodoro[4].

[1] Diodorus Siculus lib. XIV.72

[2] Diodorus Siculus lib. IV.23

[3] Diodorus Siculus lib. XIV.72

[4]Biagio Bace: Arte e civilização da Antiga Sicília pag. 464 vol III. 

 

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Cultos, mitos e lendas da antiga Sicília, de Ignazio Caloggero

ciano

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